terça-feira, 27 de abril de 2010

O BOLOLÔ DE BALALAU

Timbau tinha uma moto Harley Davidson que usava para comercializar produtos em Recife. Nesta época, década de 60, as motos eram chamadas de motor. Dizia-se, então, o motor de fulano de tal, o motor de Timbau, etc.
Macário era um próspero agricultor, muito querido na cidade de Belo Jardim, morava nas imediações da estação ferroviária e tinha um problema de dicção, onde costumava trocar algumas consoantes pela consoante B. Assim, em lugar de dizer Maria, que por sinal era o nome de sua esposa, ele pronunciava Bahia; em lugar de Timbau, pronunciava Bimbau, e assim por diante.
Certa tarde, após um dia árduo de trabalho em uma de suas propriedades, Macário estava de volta para casa em sua caminhoneta quando a mesma pifou, há uns 15 quilômetros de Belo Jardim: radiador furado, motor esquentando, a noite chegando e, o jeito que teve foi esperar uma carona até Belo Jardim. Nesta época, a BR ainda estava em construção, verão quente, poeira por todos os lados.
Sentado á beira do caminho, pedindo a Deus que passasse um conhecido para lhe dar uma carona, já desanimado, Macário vê uma nuvem de poeira e uma moto para há alguns metros dele. Era Timbau, que só andava em alta velocidade, vindo do Recife. Desceu da moto, reconheceu o amigo Macário e perguntou:
- O que foi isso, Macário?
- A minha caminhonete pifou...
- Monta aqui na moto que eu te levo até Belo Jardim e lá você arranja alguém para rebocar a caminhonete.
Timbau partiu com Macário, acelerou o máximo a possante Harley Davidson que fazia poeira por onde passava, tamanha era a velocidade.
E Macário morrendo de medo, com respiração ofegante, empoeirado dos pés á cabeça, orando para que chegasse logo a Belo Jardim.
Timbau parou na casa de Macário e os dois estavam irreconhecíveis de tanta poeira grudada no corpo. Além de empoeirado, Macário estava trêmulo de medo. Desceu da moto, agradeceu, andou cambaleando até a sua casa, bateu na porta e, sua esposa Maria, ao vê-lo naquele estado, quase sem reconhecê-lo, espantada, perguntou:
- Macário, o que danado foi isso: a gente só ta vendo teus olhos, você está todo empoeirado! O que diabo foi isso, homem?
E Macário, com a voz trêmula, respondeu:
- Ô bahia, foi o bololô de balalau...
Traduzindo: “ô Maria, foi o motor de Timbau”

Nenhum comentário:

Postar um comentário