O cinema chegou a Belo Jardim. Era o ponto de encontro da sociedade belojardinense, que se emocionava com “...E o vento levou”, vibrava com as aventuras do Zorro, ria com “ O Gordo e o Magro” e tantos outros filmes notáveis.
Os filmes eram divulgados através de cartazes magestosos e de um serviço de som, cujos auto-falentes conhecidos por “cornetas” atingiam quase toda a comunidade tamanha era sua potência.
Década de 50. O Cine Teatro São Jorge, de propriedade de Zé Ramos, além de divertir, também, através do serviço de som, fazia propaganda das casas comerciais, dos eventos da cidade e tinha também seu lado filantrópico: divulgava e convidava pessoas para acompanhar enterros de pessoas que tinham passado dessa para uma melhor. E fazia isso de uma forma inusitada: o locutor com voz firme e tristonha, anunciava:
“ Nota de falecimento: Maria José e família, Carlos esposa e filhos, comunicam o falecimento ontem às 20 horas do Senhor Manoel Francisco que residia na rua 10. A família enlutada convida para o seu sepultamento que acontecerá hoje, as 15 horas, saindo o féretro de sua residência com destino ao Cemitério de São Sebastião. A família enlutada agradece a este ato de fé e piedade cristã.”
E, no final da mensagem, colocava aquela marchinha carnavalesca: “ eu não vou, vão me levando...”
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