terça-feira, 27 de abril de 2010

BEBENDO O CAVALO

Josa Leite, junto a João Torres e tantos outros, se não são pioneiros são, no mínimo, baluartes da radiodifusão no agreste de Pernambuco e tinham em Adhemar Cazé, 1º radialista da terra do Bitury, o seu maior ídolo e exemplo a ser seguido.

João de Pedro Cazé, primo de Adhemar, adquiriu um magestoso cavalo branco, a quem deu o nome de RAIO, tanto era a brabeza, velocidade e fúria do mesmo. Abilidoso e persistente no trato com animais, João de Pedro Cazé conseguiu domesticar o animal que empolgava a todos pela habilidade, destreza e pelo fato inusitado de conseguir dar o resultado de algumas somas simples batendo com a pata no chão. Era uma fato extraordinário. Um cavalo que consegui somar ! Com isso o animal tornou-se a atração de uma bodega que João tinha colocado para aumentar sua renda.

Nessa época, tinha-se o costume de, quando morria alguém conhecido, ficava-se na residência do falecido até o corpo sair para o cemitério. No intervalo entre o falecimento e o enterro, costumava-se , para “ matar o tempo” , tomar café ou aguardente. O enterro era uma farra ! Era corrente, á época, dizer-se “ – vamos beber o defunto “.

Josa Leite, depois de um comício na zona rural, acompanhado de correligionários do partido ao qual pertencia, cansado, já na alta madrugada, resolveu dar uma paradinha na bodega de João de Pedro Cazé antes de dormir. Para sua surpreza, encontrou Joãozinho Cazé chorando, com um copo e uma garrafa de aguardente na mão. Espantado, Josa Leite perguntou:
- Joãozinho, o que aconteceu? Morreu alguém da família ? Aconteceu alguma desgraça?

E Joãozinho, com os olhos vermelhos de tanto chorar, disse:

- Meu amigo Josa, Raio morreu mordido por uma cobra...

E Josa Leite, mesmo cansado, com aquela calma e bom humor que Deus lhe , disse:

- Então, Joãozinho, vamos beber o cavalo....

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